O primeiro dia da semana amanhece com índices futuros de Wall Street apontando quedas de 1% e bolsas europeias derretem mais de 3% enquanto escrevo. O sentimento negativo é fruto da escalada das tensões comerciais entre EUA e China, evento que não víamos há algum tempo e que volta a ‘assombrar’ os mercados.
Como na última sexta-feira a B3 não abriu por culpa do feriado do dia do trabalho e vimos o EWZ (índice de ADR’s brasileiras negociadas em Nova York) cair mais de 3%, tudo leva a crer que o Ibovespa abrirá hoje em forte queda.
Sobre as tensões comerciais: no fim de semana, o presidente americano, Donald Trump, e o secretário de estado dos EUA, Mike Pompeo, acusaram a China de ter ocultado intencionalmente a gravidade do surto do coronavírus em seu início, com intuito de fazer estoques de equipamentos para combater a doença. Segundo a CNN, Trump alertou a China na semana passada de que os EUA poderão punir o país asiático com novas tarifas. Com isso, as tensões comerciais entre ambos países voltam a tomar frente nos noticiários e a preocupar os investidores.
As tensões aparecem em meio a um cenário econômico global das Ações de Mercado ainda bastante delicado.
Na próxima sexta-feira, o mercado volta sua atenção ao relatório de empregos nos EUA, o famoso “payroll”, na intenção de entender a profundidade dos impactos econômicos da “coronacrise” no mercado de trabalho. Segundo projeções compiladas pela Bloomberg, a expectativa é de perda de 22 milhões de vagas de emprego. Algo que foi sinalizado no dado de pedidos de auxílio-desemprego publicado na última quinta-feira.
No Brasil, o evento da semana será a decisão da taxa de juros pelo Copom (Comitê de Política Monetária), na quarta-feira. É esperado que ocorra um corte de 50 pontos-base na taxa, mas o mercado não descarta a possibilidade de queda de 75 pontos. A Selic está hoje em 3,75% ao ano.
A política segue trazendo instabilidade com dois pontos principais:
- O primeiro se refere à participação ontem do presidente Jair Bolsonaro em manifestação em frente ao Planalto, em que disse ter chegado “ao limite” e afirmando que não admitirá “mais interferências” em seu governo. Disse também que as Forças Armadas estão ao lado do povo. A mensagem foi direcionada ao Supremo Tribunal Federal, que anulou a nomeação de Alexandre Ramagem para diretor-geral da Polícia Federal. Há expectativa quanto à escolha do substituto.
- O segundo ponto de atenção é o depoimento do ex-ministro Sergio Moro, no sábado, em que reafirmou a tentativa de interferência do presidente da república na Polícia Federal.
Qual são as melhores Ações de Mercado para comprar hoje?
Seja em uma entrevista, live ou roda de amigos (quando esse tipo de evento social ainda acontecia), é quase impossível fugir da pergunta que deu origem a este Insight. Ela, que já era feita com certa frequência em tempos “normais” de mercado, tem sido A PERGUNTA a ser respondida da minha quarentena.
E a motivação para fazê-la é justa: o Ibovespa cai 30,3% desde o início do ano, sendo que empresas como IRB e Azul valem hoje um terço do que valiam ao final do ano passado. Diante disso, buscar ajuda daquela pessoa que possa te mostrar a ação que vai se multiplicar inúmeras vezes é como um instinto natural. E não conseguimos ignorar o nosso instinto: todos queremos enriquecer no menor tempo e da maneira mais fácil possível.
Mas aqui vai um conselho: não só na bolsa, como também em muitos outros negócios, você não pode se deixar levar por esse instinto. Por mais que seja possível ficar rico da noite para o dia (os jogos da Mega-Sena estão aí para provar isso), na bolsa, eventos como esse não são tão frequentes. Aliás, se alguém te vender o sonho de ficar rico da noite para o dia, desconfie. Pode até dar certo, mas é como uma aposta em um jogo de azar, a probabilidade de errar é, na maioria das vezes, maior que a de acertar.
Sabe aquela ação que caiu 70% e você vai comprá-la só por esse motivo? O fato dela ter se desvalorizado, não necessariamente é uma garantia de que ela valorizará nos meses subsequentes. Uma vez tomada a decisão de compra, saiba que ela pode sim perder mais 70% do valor da sua compra. E vale aqui uma reflexão: um investimento que perde 70% do seu valor, precisará valorizar pouco mais de 330% para voltar ao valor que tinha antes.
Não tratamos uma ação como um simples pedaço de “papel”. Uma ação representa a menor fração do capital social de uma empresa. Em outras palavras, ao tomar a decisão de comprá-la, saiba que você está comprando uma empresa, um negócio. E que por trás desse negócio, existem pessoas se esforçando todos os dias para torná-la mais eficiente e lucrativa. Negócio este que está inserido em um setor que possui as suas particularidades e concorrentes.
O setor é promissor? Quais vantagens a empresa possui perante seus concorrentes? Como que ela consegue ganhar dinheiro? Ela é lucrativa? A ação está barata ou cara? Enfim, essas são perguntas que diariamente nos fazemos sobre as empresas que temos em carteira e que buscamos saber responder ao pé da letra. E não tem segredo, quanto mais estudo e dedicação, maiores serão as chances de investir nas empresas certas. Com isso em mente, somos humildes para saber que podemos estar errados.
Diversificação de Ações de Mercado
Daí a importância da diversificação em uma carteira de Ações de Mercado. Por mais que se saiba tudo sobre uma empresa, investir todo o seu dinheiro em apenas uma ação pode tirá-lo da bolsa caso algum evento inesperado aconteça (uma pandemia, por exemplo).
Um exemplo prático: esse ano tivemos CVCB3 (-68% no ano), IRBR3 (-72%) e temos AZUL4 (-70%) na carteira. Mesmo assim e por pior que seja estar negativo no ano, nossa carteira comprada de ações está caindo 28,8% no ano contra uma queda de 30,4% do Ibovespa. Em abril, avançamos 15,1% contra 10,3% do índice.
Entramos na crise com uma carteira mais concentrada e, em abril, aproveitamos a queda generalizada de preços para diversificá-la mais, adicionando empresas que já gostávamos e que, em nosso ponto de vista, se desconectavam da realidade por não sofrerem impactos relevantes em seus negócios.
Uma delas foi Suzano, que sobe mais de 40% desde a nossa inclusão. Importante dizer que diminuímos bastante a nossa exposição a Petrobras e Azul. Em abril, os principais ganhos da carteira vieram de Magazine Luiza e Yduqs.
Em relação a carteira de maio, as mudanças já foram anunciadas aos nossos assinantes na última quinta-feira (30): continuamos diversificados, mas aproveitamos a recuperação parcial de preços dos ativos para fazer um pouco de caixa para eventualmente ser usado em futuras correções de mercado.
Embora seja impossível prever essas correções, “o leão que te pega é aquele que você não está vendo”.
Não é hora de apostar em um único ‘cavalo’ para surfar uma possível recuperação de preços. Embora os preços ainda estejam descontados, não da para menosprezar o fato de que as coisas pioraram por aqui: cenário de dívida do Brasil piorou com o esforço de conter a crise sanitária que vivemos, governo tem enfrentado alguns desafios políticos e ainda não sabemos como será o andamento das reformas no Congresso. Dito isso, diversificação é o segredo para passar por esse momento turbulento.
Olhando para Ações de Mercado: foque nas empresas capitalizadas, que já passaram por outras crises anteriores e que deverão passar por esse momento até mais fortes do que estavam.