Se você já investe ou está interessado em investir na Bolsa de Valores, certamente, percebeu que existem alguns tipos de ativos. São fundos, títulos, moedas e, principalmente, ações que, por sua vez, são divididas em ações ordinárias e ações preferenciais.
Ao longo deste conteúdo você vai entender todos os detalhes sobre as ações ordinárias. Assim, será possível definir se esse é o tipo de ação que combina com o seu perfil de investidor e com os seus objetivos.
Afinal, o que são ações ordinárias?
As ações ordinárias são os papéis que proporcionam poder de participação em decisões da empresa, seja em assembleias corporativas ou convenções. É importante sempre lembrar que este poder está relacionado com a quantidade de ações que um investidor possui.
Assim, é necessário ressaltar que as decisões importantes sobre o rumo das empresas são tomadas por acionistas que possuem grandes percentuais de ações dessa organização.
Como saber que uma ação é ordinária?
A identificação das ações no mercado financeiro acontece por meio de um conjunto de símbolos que envolve 4 letras e 1 número. Enquanto as 4 letras, que sempre são apresentadas em caixa alta, servem para identificar a empresa, o número serve para identificar o tipo de ação.
Portanto, as ações ordinárias são representadas pelo sufixo 3 após as letras.
Exemplos de ações ordinárias
Quando olhamos para a Bolsa de Valores do Brasil, alguns bons exemplos de ações ordinárias são:
- BBDC3: Banco Bradesco;
- PETR3: Petrobras;
- CVCB3: CVC Brasil;
- MGLU3: Magazine Luiza;
- USIM3: USIMINAS;
- ABEV3: AMBEV;
- VALE3: VALE.Natura;
- NATU3: Natura;
- OIBR3: Oi;
- BIDI3: Banco Inter;
- JBSS3: JBS;
Quais as diferenças entre ações ordinárias e ações preferenciais?
Não dá para falar sobre as ações ordinárias sem comparar às ações preferenciais. Entender as diferenças entre esses dois tipos de papéis é fundamental para você fazer a escolha certa na hora de investir.
Como já deixamos claro o que são as ações ordinárias, é hora de esclarecer o outro conceito. As ações preferenciais têm como principais característica fornecer prioridade em um momento de pagamento de dividendo ou e no reembolso de capital em caso de liquidação da empresa.
Como falamos sobre a identificação das ações ordinárias ser realizada a partir do sufixo 3, vamos mostrar também como saber se uma ação é preferencial. Nesses casos, o sufixo que acompanha as 4 letras é o número 4.
Alguns exemplos de ações preferenciais são:
- PETR4: Petrobras;
- BBDC4: Banco Bradesco;
- AZUL4: AZUL SA;
- VALE4: VALE;
- ITUB4: Banco Itaú;
- LAME4: Lojas Americanas
- BIDI4: Banco Inter
Portanto, podemos falar que as as principais diferenças entre as ações ordinárias e preferenciais, (ON) e (PN), têm relação com o direito a voto em assembleias e na ordem do recebimento de pagamentos.
Quais as vantagens e desvantagens de investir em ações ordinárias?
Antes de apresentarmos as vantagens de investir em ações ordinárias é importante que você saiba que, nos últimos anos, há um movimento para a unificação dos tipos de ações.
Algumas empresas já contam apenas suas ações ordinárias na Bolsa. O objetivo é tornar os investimentos ainda mais simples e transparentes para os investidores. Dessa forma, a tendência é que seja criado o que chamamos de Novo Mercado.
As empresas que já estão listadas nesse Novo Mercado chegam à Bolsa de Valores apenas com ações ordinárias.
Sabendo disso, confira as vantagens e desvantagens de investir em ações ordinárias:
Vantagens:
Para começar, quando falamos em ações ordinárias, precisamos falar sobre o direito ao “tag along”. Esse benefício garante a você que possui esse tipo de ação o direito à participação no prêmio quando acontece transferência de gestão ou mesmo venda da empresa.
Nessas situações, há uma lei (Lei das Sociedades Anônimas) que determina que a empresa que adquiriu a empresa tenha que pagar aos acionistas que possuem ações ON, no mínimo, 80% do valor da cotação dos papéis, podendo chegar até a 100%.
Além disso, essa lei ainda estabelece que o investidor que possui uma ação ordinária não é responsável, em hipótese alguma, pelas dívidas da empresa.
Uma das vantagens em investir em ações ordinárias é a possibilidade de lucrar mais com recebimentos. Como vimos, acionistas que possuem ações preferenciais recebem lucros e dividendos primeiro, no entanto, recebem valores fixos.
Por outro lado, quando a empresa apresenta um lucro muito alto, os acionistas que possuem ações ordinárias podem dividir uma grande parte dos lucros. No final das contas, quem investe em ações ON pode lucrar mais do que aqueles que investem em PN.
Esses motivos são levados em consideração no mercado de ações. Por isso, geralmente, acompanhamos as ações ordinárias apresentando um desempenho melhor do que as preferenciais, sobretudo quando há possibilidades de mudanças na gestão das empresas.
Desvantagens:
Ainda que existam variadas vantagens, temos também que apresentar as principais objeções dos investidores na hora de escolher as ações ordinárias.
A primeira objeção está relacionada com a falta de preferência na hora de receber dividendos e juros sobre capital próprio. Há investidores que preferem receber esse valor primeiro e por isso optam pelas PN.
O outro ponto que pode ser considerado uma objeção está relacionado aos casos em que a empresa passa por liquidação ou quando é dissolvida. Nessas circunstâncias, quem possui ações preferenciais contínua com prioridade para receber as restituições.
Outro ponto importante é que caso a empresa seja dissolvida ou liquidada, os acionistas preferenciais têm prioridade em relação àqueles que compraram ações ordinárias.
Por fim, precisamos falar que as ações preferenciais, normalmente, apresentam maior liquidez no mercado financeiro. Isso quer dizer que elas, geralmente, são mais negociadas durante um pregão. Esse fato é importante para tornar mais fácil a venda e compra de papéis PN.
Agora que você já sabe o que são as ações ordinárias e as vantagens de investir nesses papéis, é possível dar o próximo passo. Fique mais perto de obter bons resultados nessas negociações.
Taxa Selic: o que é? Como ela afeta os investimentos? Tudo o que você precisa saber
A taxa Selic é um dos principais indicadores do mercado financeiro no Brasil. De tempos em tempos, os jornais anunciam que ela subiu ou caiu e falam também da sua influência sobre os investimentos.
Neste post, você vai entender o que é a taxa Selic, como ela é definida e como ela está ligada às aplicações financeiras. Também vai entender se é possível fazer um investimento de acordo com a Selic. Acompanhe e descubra as respostas!
O que é a taxa Selic?
Selic é a sigla para Sistema Especial de Liquidação e Custódia. A taxa que é gerada a partir desse sistema é chamada de taxa Selic.
Ela reflete as empréstimos de curto prazo negociados entre os bancos no mercado de títulos públicos. Essas instituições fazem esses empréstimos para conseguir dinheiro para suas operações.
As negociações geram uma taxa média diária, que é convertida para porcentagem ao ano (%) e divulgada todos os dias pelo Banco Central.
Assim como os bancos negociam entre si para levantar recursos, eles também negociam com as pessoas por meio de diversos tipos de investimento. Para definir qual será a rentabilidade dessas aplicações, eles usam a Selic como referência.
No entanto, não se trata da Selic anunciada nos jornais. Vamos entender melhor no próximo tópico.
Qual é o valor da taxa Selic hoje?
No mercado de investimentos, a Selic usada para definir a rentabilidade dos investimentos é a chamada Selic Over, que é a taxa efetivamente praticada no dia a dia.
A Selic anunciada pelos jornais na verdade é um valor de referência que o Banco Central determinada para essa taxa. Essa é a chamada Selic Meta ou Meta Selic.
Tradicionalmente, a Selic Over fica 0,10 pontos percentuais abaixo da Selic Meta.
Ou seja, como hoje a Selic Meta está em 3,00% ao ano, a Selic Over é de 2,90% ao ano. Dessa forma, o rendimento mensal da Selic está em 0,20%.
A seguir, você vê o histórico da taxa Selic nos últimos 12 meses:
Selic Meta, Selic Over e CDI em 12 meses (% ao ano)
Mês/Ano | Selic Meta | Selic Over | CDI |
abril/2020 | 3,00% | 2,90% | 2,90% |
março/2020 | 3,75% | 3,65% | 3,65% |
fevereiro/2020 | 4,25% | 4,15% | 4,15% |
janeiro/2020 | 4,25% | 4,15% | 4,15% |
dezembro/2019 | 4,50% | 4,40% | 4,40% |
outubro/2019 | 5,00% | 4,90% | 4,90% |
setembro/2019 | 5,50% | 5,40% | 5,40% |
agosto/2019 | 6,00% | 5,90% | 5,90% |
julho/2019 | 6,50% | 6,40% | 6,40% |
junho/2019 | 6,50% | 6,40% | 6,40% |
maio/2019 | 6,50% | 6,40% | 6,40% |
abril/2019 | 6,50% | 6,40% | 6,40% |
março/2019 | 6,50% | 6,40% | 6,40% |
fevereiro/2019 | 6,50% | 6,40% | 6,40% |
janeiro/2019 | 6,50% | 6,40% | 6,40% |
dezembro/2018 | 6,50% | 6,40% | 6,40% |
(Fonte: Banco Central/B3)
Qual a importância da taxa Selic para a economia?
O Comitê de Política Monetária (Copom) é um órgão formado por diretores do Banco Central. Ele é responsável por definir a Selic Meta.
O Copom faz isso para interferir na economia e no chamado custo do dinheiro — quanto uma instituição financeira precisa pagar de juros para ter acesso a recursos e emprestar dinheiro para seus clientes.
Dessa forma, a Selic é um mecanismo usado para controlar a inflação. Geralmente, o Copom sobe os juros da economia nas situações de inflação alta.
Assim, fica mais caro obter crédito, o que ajuda a diminuir o consumo e reduzir a demanda por produtos e serviços, diminuindo a alta dos preços.
Já quando a situação é de baixa atividade econômica e inflação controlada, a política adotada quase sempre é de queda dos juros.
Dessa maneira, o crédito fica mais barato, facilitando investimentos por parte das empresas e consumo por parte das famílias.
Como a taxa Selic afeta os investimentos?
Além de influenciar a economia, a Selic afeta diretamente as aplicações financeiras.
Nos investimentos de renda fixa, por exemplo, essa relação é direta, já que as taxas de juros são usadas como referência para a remuneração das aplicações.
Já na renda variável, a relação se dá de maneira indireta. Para compreender melhor, explicaremos a seguir cada um dos casos.
Renda fixa
Os investimentos em renda fixa são, em boa parte, atrelados a índices financeiros.
Por isso, mudanças na Selic afetam diretamente o quanto cada um desses investimentos rende, pois todos eles acabam convergindo para render algo em torno dessa taxa.
Investimentos pós-fixados, por exemplo, dependem da variação dessa taxa para determinar o valor final da aplicação.
Isso vale, por exemplo, para o Tesouro Selic: quando a taxa Selic é alterada, a rentabilidade desse investimento automaticamente acompanha a mudança.
O mesmo se aplica para CDBs, LCIs e LCAs e outros títulos privados pós-fixados, que pagam porcentagens do CDI — taxa de juros que também é um referencial para os bancos e costuma acompanhar de perto a Selic.
Há também investimentos que são atrelados aos índices de inflação. Nesse caso, a relação é indireta.
Se a inflação subir, o Banco Central aumenta a Selic em busca de estabilizar a economia. Por consequência, a rentabilidade desses investimentos aumenta, mas de forma limitada por conta desse mecanismo de controle.
Já no caso de títulos prefixados, a situação é um pouco diferente. Se você já comprou um título que paga, por exemplo, 10% ao ano, a variação da Selic não afeta aquele rendimento: você poderá resgatar, no vencimento, o valor investido corrigido pela taxa combinada.
Se você ainda não investiu, porém, é preciso ficar atento: as taxas prefixadas oferecidas pelas instituições financeiras acompanham a expectativa da Selic para os próximos meses e anos.
Uma situação fictícia ilustrativa é um cenário em que a Selic esteja em 7% ao ano e a expectativa seja de queda, por conta da recessão na economia. Um CDB prefixado provavelmente pagará menos que 7% ao ano, antecipando a queda na taxa de juros.
Ações
A relação da Selic com investimentos em renda variável, especialmente ações, se dá de maneira indireta.
Papéis de empresas não estão diretamente atrelados a taxas de juros, mas sofrem a influência das condições de mercado e da economia como um todo.
Quando a Selic sobe, ela torna mais caras as taxas de juros de forma geral. Dessa forma, uma empresa que tenha financiamentos deverá gastar mais dinheiro pagando os juros desses empréstimos. Isso acabará afetando seu lucro e esse quadro pode fazer suas ações caírem.
Na outra ponta, juros mais altos também afetam o consumo, algo que também pode afetar os resultados das empresas.
O contrário também pode ser observado: a queda dos juros facilita o acesso a crédito para as empresas investirem na produção e na contratação de mão de obra. Já as pessoas consomem mais e isso faz a economia se aquecer. Todos esses fatores favorecem a alta das ações das empresas.
É possível investir na taxa Selic?
Não é possível fazer um investimento em Selic de forma direta, pois ela se trata apenas de um indicador do mercado, e não de um tipo de investimento.
No entanto, é possível fazer aplicações que acompanham o desempenho da Selic. A seguir, vamos conhecer algumas delas.
Tesouro Selic
O Tesouro Selic é o investimento mais seguro do mercado brasileiro. Ele é emitido pelo Tesouro Nacional e usado para financiar o governo brasileiro.
O investimento em Tesouro Selic pode ser feito pela plataforma do Tesouro Direto e hoje em dia é possível começar com cerca de R$ 80 nesse título.
As aplicações estão sujeitas a uma taxa de custódia de 0,25% ao ano sobre o valor total do investimento, além do Imposto de Renda (IR).